domingo, 21 de fevereiro de 2016

"Da substituição de importações ao Brasil potência: concepções do desenvolvimento. (1964-1979)", Saulo de Castro Lima

-Período: 1964-1979 (do golpe a Geisel)
-Entendimento do período militar como heterogêneo, tendo uma trajetória tortuosa entre as décadas de 60 e 70

Panorama Anterior:
-a partir de 1929, crescendo após a Segunda Guerra Mundial, os países da periferia do capitalismo deixaram de ser exclusivamente fornecedores primários para se industrializarem, reconfigurando a Divisão Internacional do Trabalho.
  • Grande participação do capital externo neste processo
-Modelo de substituição de importações: industrialização para mercado interno 
-O modelo perde o fôlego na década de 60, por causa do crescente peso das importações. Não é uma contradição: as importações crescentes são no setor de bens de capital.
-A partir de 1966, temos outro modelo econômico, com ênfase nas exportações que poderiam competir no mercado internacional graças ao baixo custo da mão-de-obra (motivo pelo qual a quantidade de produtos para exportação era grande: baixo salário não permitia consumo interno)
-Nos anos 70, aumenta o capital externo e o mercado interno perde espaço.

Governo Militar
-O PAEG - Plano de Ação Econômica do Governo (Castello Branco) prezava pelo controle de preços e limitação do poder de compra. A partir dessas condições é que se opera o "milagre", com dois fortes efeitos colaterais: a ampliação da dependência de importações (sobretudo de máquinas e equipamentos) e uma piora considerável na distribuição de renda.
-Singer (1977): as mudanças ocorridas na política econômica após 1964 são resultado de um novo equilíbrio de forças entre as classes. O PAEG pode ser compreendido como uma expressão nítida desse novo equilíbrio, que transferia o ônus do combate à inflação para a classe trabalhadora, através das reformas trabalhistas e tributária, além do aumento à repressão às entidades representativas de classe.
-O "milagre" (1968-1973) baseava-se na expansão do setor de bens de consumo duráveis e na plena utilização da capacidade industrial.
-A política econômica pós-1964 é voltada para a oportunidade do Brasil se estabelecer como entreposto industrial, criando uma dependência com os mercados dos países importadores e com a importação de tecnologia e equipamentos. A dependência cria uma situação de fragilidade ante as oscilações do mercado mundial.






Fim do Milagre (1973)
-os países subdesenvolvidos sofrem um duplo golpe em 1973: elevação dos preços do petróleo e o aumento das taxas de juros causado pela ruptura dos acordos de Bretton Woods.
-o importante era, agora, assegurar um crescimento razoável na situação adversa.

Governo Ernesto Geisel (1974-1979)
 -Ernesto Geisel: representante da ESG - Escola Superior de Guerra. A ESG era uma instituição que se propunha a procurar soluções de desenvolvimento para o país. A ideia de Brasil potência ganha força em seus quadros a partir dos anos 60.
-É no governo Geisel que o projeto do Brasil potência é levado adiante de forma mais consistente.
-No II PND-Plano Nacional de Desenvolvimento, existe o projeto de internalização da produção de equipamentos, insumos industriais e energia, diminuindo a dependência.

Plano Nacional de Desenvolvimento II (1975 -1979)

-preocupação do governo em demonstrar um projeto solidamente constituído para o país, com o otimismo decorrente dos anos de acelerado desenvolvimento econômico.
-Quatro eixos:

  1. ampliação da participação na indústria pesada
  2. acentuação da importância da empresa privada nacional
  3. desconcentração regional da atividade produtiva
  4.  melhoria na distribuição de renda
-Busca da superação do atraso industrial e investimento em fontes alternativas de energia.
-Importante ressaltar que boa parte dos investimentos foi financiado com capital externo.
-De certa forma, um retorno à substituição de importações, não mais no setor de bens de consumo, mas no de bens de capital. A diminuição do investimento no primeiro desagradou os empresários do setor.

Considerações finais
-Para o autor, o PND II já estava em planejamento antes da crise do petróleo, sendo antes uma resposta ao descompasso entre o setor de bens de capital e do de bens de consumo do que à crise. 
-Controle sobre a classe operária como fundamental para assegurar a lucratividade dos investimentos na indústria.

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